quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Sobre ser livre (a cara-metade)


Encontrou sua cara-metade, meu filho? Está gamado? Senta aqui, vamos conversar.
Namoro é etapa de conhecimento, troca de ideias, exposição de expectativas. Cada um diz o que gosta e o que não aceita. É o princípio do acordo, em que as partes envolvidas analisam o que vale ou não a pena ceder. Você vê o amor na vitrine, analisa as condições e tem um tempo para se apaixonar. Aproveite para se revelar por inteiro, lembrando que você é livre.
Noivado é etapa de amadurecimento, teste de compatibilidade entre seres criados em mundos diferentes, com visões e promessas distintas. Você analisou, gostou, está disposto. Use esse período para descobrir se está mesmo preparado para as renúncias que a vida a dois traz. Pense bem, sem esquecer que você é livre.
Casamento é contrato, vitalício a princípio, que engloba tudo o que foi discutido e aceito nas etapas anteriores. É sua obrigação respeitar o amor. 
Assim, você não pode alterar as cláusulas do contrato unilateralmente, simplesmente porque mudou de ideia. Você não deve ignorar as condições e expectativas do outro, acatadas no momento oportuno, apenas porque as coisas estão difíceis. 
Pode não ser eficaz trazer mediador espontâneo para os conflitos que surgirem na prática da convivência. Saiba que o conselheiro enfrenta suas próprias batalhas e pode transferir suas dores e cores. Muito menos apropriado, é dividir a atenção e o carinho com terceiros não envolvidos na relação, sob qualquer justificativa. 
Pouco saudável, também, pedir revisão contratual que possa ferir os princípios da pessoa amada, as cláusulas pétreas da relação. Exponha suas angústias, dúvidas e necessidades de forma a não agredir o coração que pulsa ao seu lado. Converse. 
Então, meu filho, aprenda. A liberdade é o tom da vida, mas ela tem um preço. Você será livre para ficar só. Você será livre para namorar. Você será livre para entrar num relacionamento. 
Entretanto, se você pretende se casar, analise bastante. Você estará algemado ao pulso alheio, por opção própria. Será seu dever comportar-se como uma pessoa comprometida em casa, na rua, no trabalho, na fazenda, em qualquer lugar. Você enfrentará as adversidades que aparecerão, em atenção ao amor dedicado, sem fugir das linhas que norteiam o compromisso. Você terá que ser forte, sem esmorecer pela via mais fácil na cortina de fumaça.
Você se comprometerá de forma voluntária, mas ficará preso às consequências de ter uma relação. Entretanto, você sempre será livre. Dessa vez para sair, prendendo-se, porém, às consequências desse ato.
Como diz a música, meu filho, "cada escolha uma renúncia, isso é a vida".
  Quando você respeita o acordo feito com o outro, você se respeita. E renuncia feliz.

Da série: "Para os meus filhos"

      9 de junho de 2018








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