Segunda-feira. Bom dia. Beijos na testa. 'Vão se vestir. Falem baixo que
seu irmão está dormindo'.
Passo pelo corredor. Menino com máscara do Venom,
capa preta e espada ninja. Quer pregar uma peça no outro. 'Tá bom, mas não
acorda o caçula'. Ficará na porta do quarto esperando.
Sigo para a cozinha.
Tentativa de preparar o café da manhã. De repente, três vozes:
__ Aha!
__ Aaaaaiiiii! Aaaahaaah! Aaaaaaiiiiii! Aaaahaaaah!
__ O que é isso!?
Saio correndo. Os gritos apavorados não param.
Pego no colo, sento no sofá. Abraço forte. Menino em pânico - tosse, engasgo e
lágrimas. 'Vai buscar água gelada'.
O mais velho ao lado, com as pernas
tremendo de tanto medo ao ver a reação do caçula.
O fantasiado já de rosto à
mostra, lábios roxos de espanto pelo resultado do susto que deu no irmão. Justificativas e mais justificativas - foi porque ele quase teve um piripaque. Risos. O feitiço virou contra o feiticeiro.
Lágrimas cessando, pernas ainda
bambas, boca corada. 'Agora vão comprar pão'.
Pego o rato de plástico para o pequeno colocar
no armário e surpreender o outro. Ajudo a escolher fantasia. Respiro. Eu
deveria ter previsto.
Tentativa de preparar o café da manhã. Cardiologista pra
quê? O coração da mãe vai bem, obrigada.
Feliz Dia das Bruxas. Aprendemos a lição.
31 de outubro de 2016
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