quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Encontros possíveis


O melhor amigo diz que seu nome estava na lista do aniversário, porém foi cortado quando a mãe soube que são três irmãos. Os dois falam sobre os presentes, sorriem e brincam. Se os coleguinhas aproveitam diariamente o tempo precioso que passam juntos, quem precisa de festa? E tudo bem.
Um grande parceiro o convida para o evento, deixando de chamar o irmão. Ele aceita e o outro entende; os meninos não nasceram grudados. O convidado comemora os anos do amigo querido, reportando os momentos felizes assim que entra no carro. Se as crianças passam os dias juntas, qual o problema de se separarem na hora da diversão? E tudo bem.
Inevitavelmente, todo anfitrião seleciona os convidados para seus eventos, por razões que a ninguém compete questionar. Orçamento apertado, espaço restrito, tema escolhido, falta de afinidade, religião, posicionamento político, a cor do céu. Tanto faz. E tudo bem. 
Além disso, é natural recusar um convite, por motivos que não estão sujeitos a debate. Problema de saúde, dificuldade de locomoção, impossibilidade técnica, ausência de vontade, programação diversa, o humor do dia. Agradeça a lembrança, decline com educação. E tudo bem.
É muito bom celebrar e ser celebrado, aproveitar festividades, curtir reuniões com familiares e amigos.
Mas estabelecer limites, reduzir listas, não receber convites, renunciar a chamados, aceitar recusas, faz parte do crescimento. Em qualquer desses casos, é preciso ser maduro o suficiente para não se sentir abandonado e/ou evitar constrangimentos. Isso se aprende desde a mais tenra idade.
Um festejo marca um acontecimento específico, uma data na agenda infinita da existência. O mundo não vai acabar se você não for lembrado, muito menos se tiver um convite rejeitado.
Mais importante é transformar os encontros possíveis em acontecimentos memoráveis. Tudo pode ser fonte de alegria: a brincadeira de rotina, o café marcado, o esbarrão fortuito, o compromisso de trabalho, o lanche improvisado. A festa interna não tem dia nem hora para acontecer.
O que é um quadradinho do calendário, meu filho, na imensidão de oportunidades da vida? 
Cada qual com sua realidade. Convida quem quer ou pode, aceita aquele que deseja ou consegue. Compreenda. Respeite. Queira bem do mesmo jeito. E tudo ótimo.

Da série "Para os meus filhos"

28 de junho de 2018

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