sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Ponto de vista


A vida pode ficar mais bonita
quando olhada da própria janela.
Nas beiradas suja, trincada, esquisita,
precisando de água, cola ou flanela...
Joia embaçada pela paisagem de brita,
exploradores dificilmente a entendem bela.
Seu olhar tanto suplica, a vidraça bendita:
muitos transitam, insensíveis; você convive com ela.
A árdua missão é sua e nunca deles, admita!
Dispense, pois, fardo que vem de esparrela.
Seja forte, aceite o pó, recuse a visita;
rechace torpor que lanterna alheia revela. 
Perceba a fresta pequena, calorosa e restrita,
abrace ínfima transparência que encontra nela.
Atravesse o vidro, junte os cacos, recupere, permita.
A coragem enxerga o que a película não revela.
É preciso ultrapassar a cortina que agita.
Batalha interna não precisa de chancela.

Ponto de vista,
visão singela.

31 de outubro de 2018





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escrevo porque preciso

Escrever é uma necessidade...  O pensamento chega, o texto se ajusta de forma meteórica e necessita ser externado. Um process...