A vida pode ficar mais bonita
quando olhada da própria janela.
Nas beiradas suja, trincada, esquisita,
precisando de água, cola ou flanela...
Joia embaçada pela paisagem de brita,
exploradores dificilmente a entendem bela.
Seu olhar tanto suplica, a vidraça bendita:
muitos transitam, insensíveis; você convive com ela.
A árdua missão é sua e nunca deles, admita!
Dispense, pois, fardo que vem de esparrela.
Seja forte, aceite o pó, recuse a visita;
rechace torpor que lanterna alheia revela.
Perceba a fresta pequena, calorosa e restrita,
abrace ínfima transparência que encontra nela.
Atravesse o vidro, junte os cacos, recupere, permita.
A coragem enxerga o que a película não revela.
É preciso ultrapassar a cortina que agita.
Batalha interna não precisa de chancela.
Ponto de vista,
visão singela.
31 de outubro de 2018
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