Em tempos de
muitas atribulações e provas, não é raro
buscarmos palavras de conforto. E a doce surpresa é encontrá-las em diversos
lugares e através de pessoas com visões de mundo totalmente distintas.
De família
tradicionalmente católica, tive a sorte de crescer num lar onde nunca se
menosprezou a crença ou a falta de fé alheia. Em minha casa, sempre se atendeu às visitas de
quaisquer religiosos, e o material por eles deixado ficava à disposição para
quem quisesse ler.
Assistia à missa
todos os domingos, prestava atenção nas aulas de catecismo, recebi a Primeira Comunhão e o sacramento da Crisma. Sempre
curiosa, folheava todas as revistas, passeava pelos livros, e em cada um deles
aprendia alguma coisa. Trechos da Bíblia Sagrada, encartes de Testemunhas de
Jeová, Rosa Cruz, Seicho-no-ie, contracapas dos livros de Ramatis e
Trigueirinho (era só o que conseguia), Espiritismo... Lembro-me inclusive do exemplar de uma Igreja americana, cujo nome se não me engano era “Deus é o Amor”,
ganhado nos tempos de escola, cujo conteúdo foi também saboreado. Convites para
conhecer uma Igreja? Aceitava sem hesitar. Nunca me esquecerei da alegria de um
culto Batista e de um casamento realizado na Assembleia de Deus.
Um dos
passatempos prediletos era ficar na sala com meu pai, fazendo indagações sobre
os livros espíritas que o via ler com tanto afinco. A cada pergunta, uma
resposta interessante que me fazia querer saber mais. Caxias (ainda se usa essa
gíria?), fiz questão de responder os exercícios de fixação de um livrinho de
iniciação à Doutrina Espírita que ganhei. Até hoje, são esses os textos que mais
me satisfazem...
Mas como o
bichinho da curiosidade não me abandonou, leio qualquer material
encontrado. Interesso-me por saber mais sobre as diversas crenças, pois creio
que tudo serve para nossa reflexão e melhoramento. Recentemente recebi a visita
de um membro da Igreja Mórmon, e não pude deixar de descobrir algo com o
panfleto e a revista que me foram dados.
Quando me deparo
com um texto interessante e que me adiciona conhecimento, pouco me importa se o
autor é cabalista, budista, cristão, judeu, agnóstico ou ateu. Penso que mais valem o conteúdo e os argumentos, que os rótulos carregados por quem os defende. As pessoas têm suas razões para acreditar ou não em algo, e obviamente não é preciso ser devoto para se ter bons princípios e pensamentos saudáveis. Da
mesma forma, a religião não garante a idoneidade moral de ninguém, pois há mais valor nas atitudes que na fé.
Atualmente leio um livro que discorre sobre a
esperança, através da história de Jó. Livro oportuno, prêmio de um bingo
especial promovido em um evento no qual nunca imaginaria encontrar tanto consolo.
Na fila de espera, outro exemplar evangélico, presenteado por um novo e querido
casal de amigos, através dos quais tive acesso a um filme lindo, chamado 'Graça
e Perdão'. Baseado numa história real vivida pelos Amish, também me
acrescentou muito.
Pretendo
continuar assim, com a mente e o coração abertos para toda e qualquer mensagem
que me traga a possibilidade de enriquecer meu disco-rígido e analisar as diferentes interpretações sobre a humanidade ou a espiritualidade.
Somos seres programados
para usar nossa capacidade de raciocínio, pensar e tirar nossas próprias
conclusões sobre tudo que vivenciamos e aprendemos. Dotados de livre-arbítrio, podemos
escolher o nosso próprio caminho. Pode ser uma longa via única com destino
certo, uma estrada cheia de ramificações ou atalhos que não nos diz aonde chegará,
ou mesmo uma alameda simples, sem perguntas sobre de onde viemos e para onde
vamos.
Sim, fomos
feitos para seguir. Seguir o que acreditamos.
* Questionamento inspirado pela música We weren´t born to follow (Bon Jovi).
Olá Cris! Acredito que precisamos buscar sempre a Verdade. Seu texto revela muito sobre a postura de quem quer encontrá-la, envolvendo um coração humilde, reconhecedor de que estamos em constante aprendizado, e de que não somos "o dono da verdade". Conhecer e seguir a Verdade é meu grande desafio e desejo. []´s
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