segunda-feira, 9 de abril de 2012

A revolta da cola universal


A cola foi comprada para sua função principal: colaborar na confecção de um lindo e peculiar mosaico, composto de materiais diversos e inusitados. Estava no rótulo: “Cola transparente universal. Ideal para colar papel, cartão, plástico, vidros, tecidos e cerâmicas. Utilização artesanal.”
Mas a cola revoltou-se. Relutou em incluir no mosaico seu elemento mais difícil: o vidro. Teimoso, ele não combinava com a delicadeza do papel, do cartão, do tecido e do plástico, mas alinhava-se quase que perfeitamente com a dureza da cerâmica. Esta uma antiga, mas sempre destoante parte do grupo.
Inconformada com a coadjuvância necessária, a cola não enxergava sua primordial importância na execução da tarefa. Queria ser a estrela, mas o processo de secagem quase a fazia desaparecer na decoração. A cada evento para montagem, tentava de tudo para se destacar, mas a realidade não deixava. Desesperada e sempre apoiada pelo tecido, buscava diferentes meios de compor o mosaico à sua moda.
O vidro, cansado, rebelou-se e desistiu de participar do artesanato, mantendo a gostosa amizade com a cerâmica. Dia após dia, confirma a já imaginada indisposição de alguns daqueles materiais em concluir o belo trabalho.
        Resultado: a cola na prateleira, cada vez mais transparente, e o mosaico lá por fazer. As pecinhas? Guardadas na caixinha, esperando serem unidas pelo tempo, ou dissipadas pelo vento... 



 

Um comentário:

  1. Tem gente que prefere se quebrar a ser um pouco mais flexivel, sempre exigem que os outros se curvem...

    ResponderExcluir

Escrevo porque preciso

Escrever é uma necessidade...  O pensamento chega, o texto se ajusta de forma meteórica e necessita ser externado. Um process...