Nunca me esqueço do civilista Silvio Rodrigues, que
contrariando o jargão “quem cala consente” afirma que quem silencia, a
princípio, não diz coisa alguma. Por acreditar que o silêncio diz muito e tem
várias facetas, classifiquei alguns tipos dele:
Silêncio
amoroso: quando
se cala diante das escolhas lúcidas de quem se ama.
Silêncio
respeitoso: quando
se cala para não interferir indevidamente na vida alheia.
Silêncio
útil: quando
se cala para não piorar uma situação.
Silêncio
inteligente: quando
se cala para não ser mal interpretado ou magoar alguém.
Silêncio
omisso: quando
se cala apesar da necessidade de sua manifestação.
Silêncio
covarde: quando
se cala para fugir da resolução de um problema.
Silêncio
complexo: quando
se cala na arrogância da própria superioridade, considerando o outro digno de
pena.
Silêncio
ascensão: quando
se cala na pretensa humildade, no intuito de alcançar o Reino dos Céus.
Silêncio
vítima: quando
se cala para se fazer de coitado, deixando que um terceiro defenda seus interesses.
Silêncio
pressão: quando
se cala para fazer o outro se sentir culpado.
Silêncio
desprezo: modelo
sofisticado, misto dos tipos covarde, complexo e pressão,
com a intenção de menosprezar o outro ou deixar claro que não se importa com
ele.
Silêncio
espada: irmão
siamês do silêncio desprezo, corta o coração de quem o recebe.
Silêncio
veneno: quando
se cala para semear discórdia com um simples olhar atravessado ou uma cara
emburrada.
Silêncio
irônico: quando
quem cala não esconde a insatisfação em seu rosto.
Silêncio
dissimulado: quando
se cala para encobrir as próprias atitudes mal intencionadas.
Silêncio
fim de linha: quando
o desmascarado se cala diante da impossibilidade de enganar novamente.
Silêncio
favor: quando
se cala para privar os ouvidos alheios de asneiras.
Silêncio
tumor: aquele
que corrói a alma de quem se cala ou contamina o ambiente.
Silêncio
bandeira branca:
inexistente, pois quem cala não soluciona nada, no máximo adia.
Silêncio
bumerangue: quando
quem desconsiderou o outro completamente reaparece e resolve conversar sobre
trivialidades como se nada tivesse acontecido, recebendo de volta o silêncio
que ofereceu ou apenas respostas evasivas e monossilábicas.
Admito que já recorri a alguns tipos de silêncio
acima listados, de forma acertada ou equivocada. Merecidamente ou não, também
recebi dos piores deles.
Mas quando se trata de desentendimentos eu só acredito no diálogo, mesmo que se transforme em discussão ou que afaste as partes envolvidas de vez. Sempre preferi o adeus à falta de resposta do outro e procurei entender os motivos de quem se calou de repente. Diante do inesperado silêncio, tive êxito em elucidar as questões ou fui ignorada e desisti. Leva um tempo para cair a ficha...
Mas quando se trata de desentendimentos eu só acredito no diálogo, mesmo que se transforme em discussão ou que afaste as partes envolvidas de vez. Sempre preferi o adeus à falta de resposta do outro e procurei entender os motivos de quem se calou de repente. Diante do inesperado silêncio, tive êxito em elucidar as questões ou fui ignorada e desisti. Leva um tempo para cair a ficha...
Dizem que as palavras ferem, mas muitas vezes o
silêncio machuca mais. A duras penas aprendi que ele pode nos dilacerar no
começo, mas não é capaz de nos destruir. Após ser digerido, fortalece quem o
recebeu e ensina a aceitar as perdas, mostrando a desnecessidade de tanto sofrimento e preocupação em manter contato.
Ah, tinha me esquecido de quatro tipos de silêncio
doméstico:
Silêncio
alívio (para
ele): quando a mulher desiste de falar sozinha com o marido.
Silêncio
irritante (para
ela): quando o marido se cala e foge da discussão.
Silêncio
surpresa: o da
criança que fica quietinha de repente, enquanto está aprontando.
Silêncio
sonho: aquele
que possibilita ao casal conversar ou assistir a qualquer programa de televisão
sem precisar recorrer à leitura labial.
Com certeza há muitos outros tipos de silêncio, mas
agora vou aproveitar o que reina em meu lar para tentar jantar sossegada.
Quando ele é bom, dura pouco!
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