De repente, me vejo
em Brasília. O céu impressiona, esplendoroso, de um azul que eu nem imaginava
existir. A arquitetura, nem preciso comentar. Confesso que a Esplanada até hoje
me deixa de queixo caído.
Algumas questões
surgem. Como assim, não é município? Não há bairros, e sim regiões
administrativas? Cadê os cruzamentos? Ruas sem “nome”? Como saberei o que é
CLN, W2, L3, AOS, QRSW? Prédios chamados de blocos? Mansões têm fossa? Pessoas
de alto poder aquisitivo constroem em terrenos irregulares? O governo doa lotes
a invasores? Sem coleta de lixo reciclável? Tenho que respeitar a faixa de
pedestre? Evita-se buzinar? Que valor de aluguel é esse? Fixação em concursos?
Realmente, Brasília
tem suas peculiaridades, qualidades e defeitos, como qualquer cidade.
E, apesar de quente
e seca, a Capital Federal tem a fama de cidade fria. Os que aqui chegam sentem falta
do calor humano de suas terras. Muitos não aguentam e vão embora, como um dia
fui. Mas não é culpa de Brasília, e sim da saudade. Saudade dos entes queridos,
dos hábitos da cidade onde fomos criados, da nossa casa. Nostalgia que engana.
O que aprecio
mesmo em Brasília é sua maior riqueza - não a do dinheiro, a das pessoas. Pois se tem um
objetivo que a construção dessa cidade alcançou, foi de reunir os brasileiros.
Em
BSB, perdemos preconceitos e deixamos de lado muito regionalismo orgulhoso.
Expressões que depreciam pessoas de outras regiões não fazem sentido algum
nesse lugar.
A riqueza da troca de culturas é tão grande, que
um simples almoço de trabalho se transforma em uma aula. Quando na Anatel, me
divertia muito na companhia dos colegas: baianos, paraibana, pernambucana, paraense, paulistas, brasilienses, mineiros, catarinense... Bons momentos que carregarei
comigo para o resto da vida, com muito carinho.
Em meu condomínio, tenho o prazer de conviver
também com maranhenses, gaúchos, piauienses, goianos, paranaenses, mato-grossenses, capixabas... Não
importa de que Estado venham, muitos vizinhos são companheiros nessa jornada de
construir uma vida distante do calor da família, e por isso valorizam a amizade
entre seus filhos. Aqui, festas infantis se transformam em diversão garantida
para os adultos que não têm a casa dos pais para frequentar nos fins de semana.
E o que dizer dos brasilienses
natos? Simpáticos, amistosos - eles não desdenham do seu sotaque. Possivelmente
porque foram criados por pais que deixaram os seus para desbravar essa terra
tão injustiçada. Sim, os brasilienses são especiais. E espero
que o meu trio cresça assim, vislumbrando nas diferenças regionais a
possibilidade de aprendizado.
No coração do
Brasil, você faz de seus colegas de trabalho seus amigos de verdade, seus
vizinhos cariocas de pontos de vista tão diferentes tornam-se seus
melhores e fiéis companheiros, um simples curso de formação te traz uma amizade
de longo prazo, cada etapa da vida te apresenta uma nova amiga.
Não, Brasília não merece a fama que tem.
Muitos que a criticam se esquecem de que os famigerados políticos não vivem
aqui. Eles chegam na terça e saem na
quinta, retornando à cidade daqueles que
os mandaram pra cá com seu voto consciente.
Talvez por isso ela
tenha sido construída em terra abençoada... Para poupar seus habitantes de uma
energia negativa equivocada.
Oi Cris,
ResponderExcluirA Hebe me repassou o link do seu blog. Muito bonito e de uma síntese incrível. Emocionante também. Me identifiquei muito com a descrição de BSB e com a parte caricoca, especificamente...
Grande abraços a todos aí no Planalto Central, coração do Brasil.
Pedro
Obrigada, Pedro!
ResponderExcluirAguardamos a próxima visita...
Abraços