quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Um pouco sobre Brasília


      
     De repente, me vejo em Brasília. O céu impressiona, esplendoroso, de um azul que eu nem imaginava existir. A arquitetura, nem preciso comentar. Confesso que a Esplanada até hoje me deixa de queixo caído.
    Algumas questões surgem. Como assim, não é município? Não há bairros, e sim regiões administrativas? Cadê os cruzamentos? Ruas sem “nome”? Como saberei o que é CLN, W2, L3, AOS, QRSW? Prédios chamados de blocos? Mansões têm fossa? Pessoas de alto poder aquisitivo constroem em terrenos irregulares? O governo doa lotes a invasores? Sem coleta de lixo reciclável? Tenho que respeitar a faixa de pedestre? Evita-se buzinar? Que valor de aluguel é esse?  Fixação em concursos?
    Realmente, Brasília tem suas peculiaridades, qualidades e defeitos, como qualquer cidade.
    E, apesar de quente e seca, a Capital Federal tem a fama de cidade fria. Os que aqui chegam sentem falta do calor humano de suas terras. Muitos não aguentam e vão embora, como um dia fui. Mas não é culpa de Brasília, e sim da saudade. Saudade dos entes queridos, dos hábitos da cidade onde fomos criados, da nossa casa. Nostalgia que engana.
    O que aprecio mesmo em Brasília é sua maior riqueza -  não a do dinheiro, a das pessoas. Pois se tem um objetivo que a construção dessa cidade alcançou, foi de reunir os brasileiros. 
   Em BSB, perdemos preconceitos e deixamos de lado muito regionalismo orgulhoso. Expressões que depreciam pessoas de outras regiões não fazem sentido algum nesse lugar.
   A riqueza da troca de culturas é tão grande, que um simples almoço de trabalho se transforma em uma aula. Quando na Anatel, me divertia muito na companhia dos colegas: baianos, paraibana, pernambucana, paraense, paulistas, brasilienses, mineiros, catarinense... Bons momentos que carregarei comigo para o resto da vida, com muito carinho.
   Em meu condomínio, tenho o prazer de conviver também com maranhenses, gaúchos, piauienses, goianos,  paranaenses, mato-grossenses, capixabas... Não importa de que Estado venham, muitos vizinhos  são companheiros nessa jornada de construir uma vida distante do calor da família, e por isso valorizam a amizade entre seus filhos. Aqui, festas infantis se transformam em diversão garantida para os adultos que não têm a casa dos pais para frequentar nos fins de semana.
  E o que dizer dos brasilienses natos? Simpáticos, amistosos - eles não desdenham do seu sotaque. Possivelmente porque foram criados por pais que deixaram os seus para desbravar essa terra tão injustiçada.  Sim, os brasilienses são especiais. E espero que o meu trio cresça assim, vislumbrando nas diferenças regionais a possibilidade de aprendizado.
   No coração do Brasil, você faz de seus colegas de trabalho seus amigos de verdade, seus vizinhos cariocas de pontos de vista tão diferentes tornam-se seus melhores e fiéis companheiros, um simples curso de formação te traz uma amizade de longo prazo, cada etapa da vida te apresenta uma nova amiga.
    Não, Brasília não merece a fama que tem. Muitos que a criticam se esquecem de que os famigerados políticos não vivem aqui.  Eles chegam na terça e saem na quinta, retornando  à cidade daqueles que os mandaram pra cá com seu voto consciente.  
   Talvez por isso ela tenha sido construída em terra abençoada... Para poupar seus habitantes de uma energia negativa equivocada.

2 comentários:

  1. Oi Cris,

    A Hebe me repassou o link do seu blog. Muito bonito e de uma síntese incrível. Emocionante também. Me identifiquei muito com a descrição de BSB e com a parte caricoca, especificamente...

    Grande abraços a todos aí no Planalto Central, coração do Brasil.

    Pedro

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  2. Obrigada, Pedro!
    Aguardamos a próxima visita...
    Abraços

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