quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O mundo nas costas


Você, que costuma carregar o mundo nas costas, preste atenção.
Não exija de si mesmo a solução de conflitos que não lhe pertencem, tampouco se mutile tentando satisfazer o outro. 
Não pegue para si a atribuição de modificar o próximo, muito menos sofra por não consegui-lo.
A cada indivíduo cabe arcar com as consequências dos próprios atos. Você é responsável apenas pelo que faz ou deixa de fazer, e sozinho colherá os frutos de suas escolhas.
Não se engane, acreditando que aqueles pelos quais você se dói tanto mudarão um passo em sua vida para compartilhar sua aflição.
Se pedido, aconselhe, mas não tome para si a culpa do padecimento alheio.
Um parente não é bem visto pela sociedade?  Erga a cabeça, não se envergonhe pelas falhas que não lhe são próprias.
O ente querido atua de forma questionável? Se não lhe atinge, não se doa por aquele que ele ofendeu.
Alguém lhe pediu para solucionar questões complicadas que empurra com a barriga há tempos, para que continue a desfrutar somente das alegrias da vida? Recuse sem hesitar.
Você dá seu parecer técnico, mas o chefe não lhe ouve e toma decisões equivocadas? Fique feliz pelo trabalho bem realizado; o superior responderá pelos seus atos.
Um filho deseja dividir contigo o peso da vida que decidiu ter? Diga que essa missão não lhe pertence.
Muitas vezes, a ajuda não está em fazer pelo outro, mas sim em mostrar que cada um deve tomar posição ativa nas questões difíceis que aparecem em seu caminho.
Se você atua pelo próximo, quando ele aprenderá a se virar sozinho, para que cresça diante dos obstáculos?
Não se cobre tanto... Não se transforme em avalista do universo.
Procure carregar apenas o fardo que lhe compete. Suas costas e sua alma agradecem.


4 comentários:

  1. Oi, Cris!
    Adorei esta postagem! Posso compartilhá-la com meus colegas? Claro que vou dar todo o crédito a você!!!

    Fico aguardando autorização.
    Beijos!

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  2. Antes de qualquer coisa, parabéns pelo blog!

    Quanto ao post, vejo que trata, dentre outras coisas, de um grande dilema. Ao mesmo tempo que precisamos ser abertos a ajudar, precisamos também saber dizer não. O grande desafio é amar, ajudando ou dizendo não. Dizemos "não", sem amar, quando devíamos ajudar. Da mesma forma, ajudamos, sem amar, quando devíamos ter a postura de dizer "não".

    Lembranças ao Luiz Fernando e aos meninos. :)

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  3. Obrigada, Vitruvio!
    Realmente, o desafio é amar no sentido pleno, saber quando e como ajudar de maneira positiva.
    Sempre aprendemos: "Ame o próximo como a ti mesmo". Mas é impossível amar verdadeiramente o outro quando não nos amamos ao ponto de permitir que nos desrespeitem em nome desse mesmo amor.
    Grande dilema mesmo, para nós que ainda engatinhamos na escola do bem viver...

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