Morar longe dos familiares tem
seus bônus, mas um ônus muito grande: a saudade.
Como tudo tem seu lado bom, esse ônus também traz um
bônus: o aprendizado.
E graças à saudade, aprendi a me calar.
E graças à saudade, aprendi a me calar.
A saudade me fez deixar no
passado a irmã mais velha julgadora, as diferenças da infância e adolescência,
as divergências quanto ao estilo de vida, os discursos proferidos durante toda
uma existência.
Aprendi a ser mera espectadora de
uma realidade que não me pertence. Isso mesmo, a vida de um familiar não me
compete. As decisões particulares deste não podem me atingir. Caso me afetem indiretamente, tenho o dever de
aprender a conviver com o novo cenário.
Posso até estar errada, mas vivo minha vida da maneira acordada com quem a divido, e não aceito intromissões de
qualquer ordem. Seria incoerente, portanto, querer interferir nas escolhas de meus
entes queridos, por melhores que fossem as minhas intenções.
Cada indivíduo lida com
determinadas situações e com certas pessoas a seu modo. Não é saudável
tentar padronizar relacionamentos, principalmente aqueles nos quais os atores
são pessoas lúcidas e dotadas de livre arbítrio.
Se me pedem conselhos ou ajuda
técnica, ofereço com prazer. Mesmo assim, não me acho no direito de cobrar-lhes
seguir meus pensamentos. Diante de um desabafo posso até me manifestar, mas aprendi
a não tomar uma posição ativa. E quando o assunto é muito delicado, prefiro me
abster.
Diante da saudade percebi que, na
vida alheia, o que eu penso não tem importância. Minha opinião não influenciará
suas decisões e, em alguns casos, externá-la teria um custo muito alto. E eu
não quero pagar o preço.
Quero ter sempre a oportunidade
de retornar aos meus, de ser agraciada com uma recepção carinhosa, de ver a
satisfação de meus irmãos em ter minha família por perto. Não troco o prazer da convivência com aqueles que amo pelo direito de dar pitacos na vida alheia. No mais, já tenho problemas o suficiente para resolver.
É como se diz: no jogo da vida,
cada um cuida da sua. E para que esse jogo seja divertido, é preciso saber
calar.
A saudade ensina...
Oi, Cris!
ResponderExcluir(aqui é a Alice, colega do Luiz Fernando).
Adorei este post, me tocou profundamente, pois vivo essa mesma realidade de vcs, de estar longe de parte das pessoas que amo.
Agora, só por curiosidade: as pessoas que você ama e respeita a ponto de calar suas opiniões fazem o mesmo? Também sabem calar e aproveitar as oportunidades em que estão juntos sem julgar suas escolhas de vida?
Beijos e parabéns pelo blog!
Obrigada, Alice!
ExcluirInfelizmente, algumas pessoas nunca respeitaram nossas escolhas, até o ponto em que foi preciso bloquear esse tipo de "bullying familiar". E com isso, aprendi a tirar algo bom da saudade e a me calar para aproveitar as raras oportunidades de encontro com os meus... Beijo