Não podemos ignorar a capacidade de raciocínio daqueles que pensam
de forma diferente, que nos contestam e muitas vezes nos ofendem, pois até os
desafetos vêm para nos ensinar algo.
Lutei anos contra uma imagem que eu acreditava terem, imotivadamente,
atribuído à minha pessoa: a de destruidora. Sou consciente dos meus defeitos, mas isso me machucava. Muito.
Na minha tola ânsia virginiana de buscar a inatingível perfeição
da alma e agradar a todos, essa definição não me parecia justa. Não combinava
com todos os esforços que eu fazia para contornar os obstáculos que apareciam
no meu caminho.
Mas hoje, não sei se por efeito da (matur)idade ou como
resultado das reflexões sobre minhas atitudes, confesso: dependendo da ótica, sou destruidora sim.
Destruo os sonhos de quem faz planos com a minha vida e faz
de tudo para realizá-los sem me consultar, ou até mesmo contrariando as minhas
manifestações de discordância.
Aniquilo qualquer intenção de invadir minha liberdade,
privacidade e intimidade.
Anulo todos os movimentos que tentem me desviar dos meus
princípios.
Corto pela raiz qualquer anseio
de plantar em minha família a semente da discórdia.
Derrubo do pedestal qualquer
um que tente questionar meu pátrio poder, que procure meios de me considerar
invisível em assuntos que me dizem respeito.
Retiro da minha lista quem
declara não se importar com o que penso sobre minha vida e insiste em externar
suas elucubrações sobre meu castelo. Desses dispenso telefonemas, elogios,
presentes, ou qualquer coisa que demonstre simulação de harmonia.
Para defender meus direitos, se necessário, chamo meu Exército.
Tropa composta de duas armas que só utilizo em casos extremos, porque sei que
ferem: sarcasmo e ironia. Não é bonito, mas o que fazer?
Sim, eu admito minhas imperfeições, e uma delas é a
incapacidade de esquecer o histórico de um relacionamento. Rancor, incompreensão,
explosão? Sinto muito, mas com reincidente contumaz, não vejo outra opção.
E quem se sentir ofendido por ver seus desejos sobre minha vida tolhidos, que
contrate um advogado. Mas que seja um procurador competente, de retórica eficiente, que me faça crer que não estou no meu juízo perfeito. Ou que convença algum juiz a me condenar por ter cerceado direito alheio.
Quem disse que as pessoas não mudam?
Agora entendo, e não me dói ser considerada
destruidora por certas pessoas, principalmente aquelas que têm um panorama
enviesado da perfeição.
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