Você deve se perguntar o motivo
da minha indignação, meu filho. Explico.
Jamais
permitirei, enquanto estiverem sob minha tutela, que meus filhos se utilizem de
subterfúgios para acalentar o ego ferido, muito menos para encobrir algo que
não desejam revelar por capricho ou perfeccionismo.
Nas
tentativas de induzir-me em erro e colocar a culpa total do ocorrido no irmão,
haverá sempre uma reprimenda. Eu insistirei, pelo tempo necessário e sem
descanso, até ouvir o desmentido.
Se
porventura alguém mobilizar a família inteira para procurar um objeto dentro de
casa, sabendo que o deixou no parquinho no dia anterior, minha reação
provavelmente não será muito afável. Meu amor por vocês demanda que eu
não tolere tamanho desrespeito para com pessoas que perdem tempo e energia no
propósito de lhes ajudar.
Que as broncas tomadas a cada
tentativa de negar o que está na minha cara, como o prato que eu vejo sobre a
mesa, mas você insiste ter colocado na pia, lhe sirvam de exemplo do que uma
sociedade saudável não deveria aplaudir: a manobra calculada em benefício
próprio ou de outrem.
Que a minha insistência em fazer
acareações cotidianas, até que se assuma o desacerto, mostre o que para mim há
de mais louvável: a retidão. Lutar pela verdade e não compactuar com
favorecimentos ou falsas acusações não é mérito, e sim obrigação.
Cada vez que você é enfrentado e
insiste em sustentar uma inverdade, você acusa implicitamente o interlocutor de
mentiroso, desvalorizando a iniciativa dele de tentar esclarecer os fatos.
Ah, meu filho, no seio familiar isso poderia até
ser relevado ou compreendido, mas na escola, no condomínio e no trabalho, te
adianto que o resultado em tempo algum é bonito. E eu optei por educá-los sem
intermediários justamente por isso: quero prepará-los para o mundo real, que
grita por pessoas com hombridade.
Obviamente, não há problema algum em
errar. Todos erramos diariamente, quero deixar bem claro. O erro é humano e faz
parte do crescimento. Entretanto, arcar com as consequências de cada equívoco é
imperativo. Imaginar que você pode manipular todos à sua volta, com
invencionices para fugir das responsabilidades e sair ileso, é a mais pura
tolice.
Você já saiu do jardim de infância, não tome como
modelos adultos que ainda fazem isso. A mentira tem perna curta e os resultados
desastrosos ultrapassam a boa intenção do seu umbigo.
Falhar, reconhecer, corrigir e mudar de postura -
essas são atitudes esperadas de um ser humano de caráter.
Errou? Admita, peça desculpas sinceras,
repare o que for possível e vá em frente. Aprenda a lição e faça um esforço
para não repetir a falha. Caso isso ocorra, reconheça e siga o roteiro.
Se você vai seguir esses ensinamentos na vida
adulta, eu não sei. Mas preciso que você saiba que é possível dormir com a
consciência tranquila, mesmo falhando todos os dias.
Apesar da promessa de nos salvar de muitos apuros,
a mentira não é uma boa amiga para o dia a dia. Embora doída, a verdade liberta e é companheira da honradez. Escolha bem sua heroína, meu filho.
Da série: Para os meus filhos
Você deve se perguntar o motivo
da minha indignação, meu filho. Explico.
Jamais
permitirei, enquanto estiverem sob minha tutela, que meus filhos se utilizem de
subterfúgios para acalentar o ego ferido, muito menos para encobrir algo que
não desejam revelar por capricho ou perfeccionismo.
Nas
tentativas de induzir-me em erro e colocar a culpa total do ocorrido no irmão,
haverá sempre uma reprimenda. Eu insistirei, pelo tempo necessário e sem
descanso, até ouvir o desmentido.
Se
porventura alguém mobilizar a família inteira para procurar um objeto dentro de
casa, sabendo que o deixou no parquinho no dia anterior, minha reação
provavelmente não será muito afável. Meu amor por vocês demanda que eu
não tolere tamanho desrespeito para com pessoas que perdem tempo e energia no
propósito de lhes ajudar.
Que as broncas tomadas a cada
tentativa de negar o que está na minha cara, como o prato que eu vejo sobre a
mesa, mas você insiste ter colocado na pia, lhe sirvam de exemplo do que uma
sociedade saudável não deveria aplaudir: a manobra calculada em benefício
próprio ou de outrem.
Que a minha insistência em fazer
acareações cotidianas, até que se assuma o desacerto, mostre o que para mim há
de mais louvável: a retidão. Lutar pela verdade e não compactuar com
favorecimentos ou falsas acusações não é mérito, e sim obrigação.
Cada vez que você é enfrentado e
insiste em sustentar uma inverdade, você acusa implicitamente o interlocutor de
mentiroso, desvalorizando a iniciativa dele de tentar esclarecer os fatos.
Ah, meu filho, no seio familiar isso poderia até
ser relevado ou compreendido, mas na escola, no condomínio e no trabalho, te
adianto que o resultado em tempo algum é bonito. E eu optei por educá-los sem
intermediários justamente por isso: quero prepará-los para o mundo real, que
grita por pessoas com hombridade.
Obviamente, não há problema algum em
errar. Todos erramos diariamente, quero deixar bem claro. O erro é humano e faz
parte do crescimento. Entretanto, arcar com as consequências de cada equívoco é
imperativo. Imaginar que você pode manipular todos à sua volta, com
invencionices para fugir das responsabilidades e sair ileso, é a mais pura
tolice.
Você já saiu do jardim de infância, não tome como
modelos adultos que ainda fazem isso. A mentira tem perna curta e os resultados
desastrosos ultrapassam a boa intenção do seu umbigo.
Falhar, reconhecer, corrigir e mudar de postura -
essas são atitudes esperadas de um ser humano de caráter.
Errou? Admita, peça desculpas sinceras,
repare o que for possível e vá em frente. Aprenda a lição e faça um esforço
para não repetir a falha. Caso isso ocorra, reconheça e siga o roteiro.
Se você vai seguir esses ensinamentos na vida
adulta, eu não sei. Mas preciso que você saiba que é possível dormir com a
consciência tranquila, mesmo falhando todos os dias.
Apesar da promessa de nos salvar de muitos apuros,
a mentira não é uma boa amiga para o dia a dia. Embora doída, a verdade liberta e é companheira da honradez. Escolha bem sua heroína, meu filho.
Da série: Para os meus filhos