quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Apoiar ou substituir? O aprendiz como protagonista

Você não conseguiu terminar de copiar a tarefa da lousa, meu filho. A segunda vez em poucos dias. Nós sabemos de sua dificuldade. Você se esforça para superar essa vagareza há anos. E na semana passada, você teve a oportunidade de copiar do caderno de seu amigo, cuja foto foi enviada a pedido de outra mãe no grupo do Whatsapp. A questão não fotografada você ficou de pegar com a professora. 
E hoje, meu filho, eu te disse mais um não. Eu não vou pedir no grupo de mães que me enviem a foto do caderno dos filhos. Se você tivesse faltado à aula, por motivo de doença, talvez eu o fizesse. Mas você estava na escola. 
Sim, eu fotografo sua agenda, seus livros e seus cadernos quando outras mães pedem. Apesar de agir diferente com você, eu entendo os motivos delas e não me custa ajudá-las. 
Você, eu quero treinar para a autonomia. Como você bem disse, precisa aprender a ter responsabilidade. Quero que entenda a consequência de seus atos, que saiba lidar com suas dificuldades, e que consiga se comunicar, sem intermediários, na tentativa de corrigir o necessário. 
Para mim seria apenas um clique, para você será um desafio. Converse com a professora, peça emprestado para o colega, copie no intervalo, toque a campainha do vizinho de condomínio e pergunte se ele pode te ajudar. Peça o número do Whatsapp do amigo, para que vocês conversem sobre a tarefa através do meu telefone, já que você sabe os motivos de não ter o seu próprio. Enfim, dê o seu jeito.
Você é capaz, meu filho, como eu fui, de ser protagonista do próprio aprendizado. Terá sim meu apoio, mas não será substituído pelas minhas facilidades.
                                               
Da série: Para os meus filhos

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