Tinha uma
companheira de longuíssima data: a enxaqueca, diagnosticada cefaleia tensional e de
origem alimentar. Fiz exames, aboli vários alimentos de meu cardápio, tentei
alopatia e homeopatia, mas nada a fazia desaparecer.
Certo dia, uma senhora especial
disse que aquela dor de cabeça não me pertencia, não vinha de mim, mas que levaria um tempo para livrar-me dela. Não entendi o que ela quis dizer...
Eis que no
período mais difícil de minha vida até agora, no qual eu precisava ser forte
para cuidar de minha família, a danada se fez mais presente. Semanalmente -
chegava na quarta e ia embora no sábado. Na terça, já me preparava para a saga: mal-estar estomacal e dor lancinante, que piorava com o barulho, a luz e o pé no chão. Tendo que olhar os três pequenos, não conseguia repousar e acabava
precisando do auxílio daquele que necessitava mais do que nunca descansar. E
por isso me sentia culpada, afinal eu queria estar inteira.
O que eu não
percebia era que, além da enxaqueca, eu tinha outra companheira de longa data: uma porta entreaberta para o desrespeito.
Seguindo
aquela teoria de que devemos ser compreensivos e fazer de tudo para conservar
certos relacionamentos, mesmo que não ideais, eu procurava meios de conciliar
meus princípios com as vontades de algumas pessoas. Tentava me impor, mas
ao mesmo tempo me cobrava dar a enésima chance para o reincidente. E com isso,
a brecha.
Não
há como negar que em nossa caminhada encontramos seres que nos rejeitam e procuram
se beneficiar a qualquer preço. Se você está bem e feliz, o indivíduo quer
compartilhar os confetes. Se você está péssimo e precisa de ajuda, a pessoa aproveita
para tomar a pouca alegria que te resta, ou te pisa para que afunde mais
rápido. Você repete que quer ser respeitado, implora
para ser deixado em paz, explica em detalhes a situação, e o outro lá, só
esperando a próxima vez em que sua indulgência retornará. E aí, vem o bote.
Entretanto,
por mais divino que seja dar a outra face, em certas horas é preciso encarar o
quanto isso te mutila, te impede de cumprir com êxito sua missão terrena e prejudica
aqueles que dependem de seu bom estado emocional. E essa ocasião chega.
Aquela atitude infantil, que isoladamente não teria tanta importância assim, converte-se
na gota d´água que faz o conteúdo da cisterna transbordar. O veneno não engana
mais quem está calejado.
E
foi numa história assim que, ao fechar completamente a porta para quem nunca
desejou ter comigo uma relação sincera, libertei-me daquela enxaqueca. Pode ser
muita coincidência, mas o fato é que desde o momento em que me tranquei e pus para fora tudo
que sentia e não dizia por consideração, a cefaleia foi-se embora. Sem que eu
precisasse de qualquer remédio ou terapia, ela simplesmente disse adeus.
Desde
então, não me incomodo se vez ou outra tenho uma dor de cabeça que não me
limita, e que quando muito passa com a segunda dose de analgésico. Tive coragem
de voltar a comer alguns dos alimentos antes proibidos, e nada senti.
Parece mesmo que
aquela dor não era minha. Era fruto do pesar, do inconformismo daqueles que não
conseguiam de mim o que esperavam, e também da mágoa e das cobranças que isso me trazia. Só que a insatisfação alheia não me atinge mais e o desgosto transformou-se
em triste conformação.
Pode ser um
texto piegas ou depoimento de autoajuda, mas fiz questão de registrá-lo para
lembrar-me de nunca mais deixar que quem quer que seja se instale de forma tão
nociva em minha alma. Espírito protegido, corpo fechado.
Como diz meu marido... Aquilo que rouba minhas emoçoes não deve estar presente na minha vida! não devo me envolver tão profundamente.
ResponderExcluirVerdade. Mas já cheguei ao ponto de pensar que, às vezes, não podemos nos envolver nem superficialmente! Quem tem uma família pra se preocupar não pode dar asas para invasores com baixas vibrações. Força para todos nós! Beijo
ExcluirAi, Cris... Mas como eh dificil ter essa forca!!
ResponderExcluirMuito difícil! Mas parece que, quando a gente tem uma situação séria e complicada para enfrentar, Deus nos permite essas loucuras, rs.
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