Digo que a estabilidade financeira é relativa, pois penso que sua constatação é subjetiva. Com a mesma renda, alguns conseguem se enxergar no ponto desejado, ao passo que outros ainda não estão satisfeitos.
Além
disso, ela é cíclica e pode não durar muito tempo. Ninguém está livre de
imprevistos como demissões, oscilações do mercado, drásticas medidas econômicas
do governo ou problemas de saúde que causem desestabilidade nas finanças.
Infelizmente, não
tenho bola de cristal para saber se meus filhos terão sucesso profissional e
serão pé-no-chão ou sonhadores, muito menos poderes para evitar que passem por
dificuldades que lhes obriguem a utilizar todas as economias de uma só vez. Por isso, é muito importante não negligenciar sua educação financeira.
A pessoa bem educada
financeiramente possivelmente terá maior autocontrole tanto para escolher no
que gastar, como para enfrentar as situações que lhe exijam priorizar ou até
mesmo reduzir despesas.
Como fui criada por pais que não receberam nada de
herança além dos caríssimos e inesquecíveis bens imateriais, aprendi desde cedo
a esperar deles apenas apoio para que eu conquistasse as coisas com meu próprio
esforço.
Em nossa
casa, os filhos sempre foram comunicados dos revezes financeiros e dos cortes
de despesas necessários para enfrentar os períodos difíceis. Tempo de vacas
gordas? Gasto com parcimônia, preocupação com o amanhã. Tempo de vacas magras?
Arrocho familiar, sem choro nem vela. Pegou dinheiro emprestado com irmãos ou
genitores? Pague conforme o combinado.
Acredito
que não é papel dos pais fazer o impossível para dar do bom e do melhor para os
filhos, iludindo-os de que conseguirão facilmente o que quiserem na vida.
Morrer de trabalhar e afundar-me em dívidas para pagar o colégio mais caro,
comprar roupas de grife e todos os brinquedos pedidos, bancar viagens, dar o
primeiro carro e um apartamento? Usar as suadas economias para satisfazer todos
os seus caprichos? Não está nos meus planos.
Pretendo
ensinar meus meninos a pescar. Proporcionar bem-estar de acordo com minhas
possibilidades, de forma racional e sem estragá-los. Ensinar que tudo tem seu
custo e que o dinheiro que entra em casa provém de muito trabalho. Mostrar as
vantagens de se comparar preços, de se voltar para casa e analisar a real
necessidade de adquirir determinado item. Dizer que, independentemente do
estilo de vida que decidam ter, poupar é sempre importante e minimiza
dissabores futuros. Contar que eu costumava estabelecer objetivos e, para alcançá-los,
reservava uma porcentagem de meu salário assim que o recebia, passando o mês
com o que restava.
Missão
difícil, principalmente nesses tempos de alto consumismo em que ficamos
tentados a dar mimos com frequência, e muitas vezes falhamos. A cada comercial,
eles dizem que aquele é o brinquedo que eles mais desejam nesse mundo. Chegam
em casa e pedem o carrinho igual ao do coleguinha. Sempre querem mais e mais.
Como
ainda são pequenos, tento de tudo: digo que não se ganha presente todo dia,
peço para pensarem bem e escolherem um só brinquedo nas datas especiais, falo
que devem se contentar com as coisas que já têm e não cobiçar as do vizinho,
etc.
A última
estratégia foi estabelecer que, para ganhar um bonequinho do McDonald´s,
deveriam separar dois brinquedos para doação. E não é que os caridosos logo
descobriram as vantagens disso e passaram a separar diariamente um brinquedinho
velho para as crianças pobres, exigindo que comprássemos um novo para
substituí-lo?!
Nananinanão!
Disse-lhes que a condição é para quando os pais decidirem comprar um brinquedo
em ocasiões específicas, e não quando eles bem entenderem. Expliquei que não é
uma simples troca, que precisamos pagar pelos bonecos e que para isso é preciso
dinheiro.
E o
espertinho: “Ah mãe, isso é fácil, a gente vai ao shopping, o papai entra no
Banco do Brasil, usa a máquina e ganha dinheiro!”
Simples
assim, né?!
Oi, Cris!
ResponderExcluirJá estava querendo escrever algum comentário desde que li sua postagem anterior, sobre a riqueza de cada um. E acho que esta de hoje vem complementá-lo, né?!
Impressionante como esse tipo de comentário do final é comum entre as crianças! Já ouvi isso também, mais de uma vez. Cabe então aos pais explicar que o dinheiro sai da máquina, mas que a gente só consegue tirar se a gente o "merece".
Converso muito com o Beto sobre esse assunto e como vamos abordá-lo quando tivermos nossos filhos. O primeiro passo é ser o exemplo / modelo do comportamento que queremos ensinar, e isso antes mesmo de as crianças nascerem.
Esses dias estava deletando uns emails que recebo de lojas virtuais (Americanas, Submarino, Fast Shop...) sem nem ler e pensei na dádiva que é minha vida hoje, de ter uma situação financeira relativamente equilibrada (pagando o financiamento do apartamento e ainda conseguindo fazer poupança) e de pensar que não há nada material que eu realmente precise - porque sempre existe alguma coisa que a gente QUEIRA (trocar de carro, um novo vestido, um livro, um filme, uma viagem...), mas precisar mesmo, não estamos precisando de nada.
Claro que a situação financeira equilibrada não define nossas vidas, e sempre existe alguma coisa que podemos melhorar, seja na saúde, no trabalho, na vida a dois, com os amigos. E claro que trabalho e dinheiro não nos definem, mas são parte da nossa vida. E se essa parte está em harmonia com outros aspectos que considero mais importantes, tudo fica mais tranquilo.
Apesar de existirem indicadores de riqueza e pobreza, cada um faz seu próprio índice e define se ganhar muito ou pouco vai nos fazer mais ou menos felizes.
Lembro do tempo em que eu e o Beto tínhamos 10 reais pra passar o fim de semana, então óbvio que escolhas precisavam ser feitas. Nem por isso éramos menos felizes, a gente se ajustava à realidade e aproveitava a vida como ela era.
Hoje temos uma situação mais confortável e podemos fazer outro tipo de escolha, mas nem por isso saímos enlouquecidos comprando e gastando.
Saber poupar é tão importante quanto saber gastar. Como em outras dimensões da vida, a situação financeira depende de equilíbrio, de saber quando ser formiga e quando ser cigarra.
Desculpe pelo longo texto, quis apenas compartilhar algumas das minhas ideias a respeito desse assunto no qual tanta gente tem dificuldade.
Acho que vocês estão sendo ótimos pais e ensinando aos meninos como a vida "funciona" da maneira como eu também pretendo ensinar aos meus filhos um dia!
Beijos e aproveitem o fim de semana!!!
Alice
Obrigada, Alice! Concordo com você, equilíbrio e responsabilidade são o mais importante. Contribua sempre, é ótimo enriquecer com o compartilhamento de ideias! Vamos marcar um encontro quando vocês estiverem por aqui... Beijo
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