quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Fragilidade

Quando você reconhece sua fragilidade no outro, as dores se abraçam. 

E não há melhor abraço do que aquele que nos conforta na fragilidade!

30/12/2019





sábado, 19 de dezembro de 2020

Remando...

Vivendo e remando 

contra a correnteza.

Jamais no comando;

recorrente surpresa!

Notícias chegando

com sutil aspereza...

É o revés mostrando

sua agridoce beleza.





sábado, 5 de dezembro de 2020

Aceitação

A vida não te traz nada que não consiga suportar, nem te tira algo sem o qual você não possa aprender a viver. 

Aceitação é a chave que abre as portas para uma nova etapa.

05 de dezembro de 2012




domingo, 8 de novembro de 2020

Dicas úteis

Luta pela liberdade individual? 

Não tente coordenar a vida dos outros.

Quer falar em nome de alguém?

Providencie a procuração.

Quer se meter em uma relação?

Ofereça seu serviço de mediador de conflitos.

Quer decidir o mérito de algo?

Passe no concurso para juiz e espere ser provocado pelas partes.

Quer votar?

Aguarde as eleições, seja membro de um condomínio/associação ou cadastre-se como jurado voluntário no fórum de sua cidade - com sorte, você será chamado para o próximo Tribunal do Júri.

Preza pela sua autonomia?

Acredite, você não é o único.

As questões de terceiros não são resolvidas em plebiscito, a não ser que eles optem por colocá-las na pauta pública.

Na preocupação, ofereça auxílio e mostre que está disponível. 

No incômodo, chame a pessoa interessada para conversar e alinhar as expectativas.

No mal entendido, procure o outro para esclarecer e siga em frente. 

Conselhos, palpites e interferências só são bem vindos quando buscados pela pessoa que está em dúvida e quer escutar opiniões diferentes.

A sua boa vontade e o seu sentimento genuíno não têm o poder de dirigir a vida alheia.

Se é para forçar alguém a fazer algo, comece pelo sacrifício de segurar sua onda.

Quando você cuida da sua vida e melhora o quadradinho à sua volta, já ajuda muita gente.

Olhe no espelho e preste atenção. Respeite o seu irmão.


Da série

Para os meus filhos




Cobranças

No mundo do avesso, chegamos ao ponto de receber críticas e intimidações, simplesmente por seguirmos orientações oficiais e respeitarmos as normas.

No mundo circunscrito ao umbigo, aquele que se dispõe a fazer sua parte em prol da coletividade, curvando-se às regras, incomoda.

No mundo do absurdo, quem é independente e arca com suas responsabilidades, poupando terceiros de seu fardo, é repelido e repreendido. 

No mundo da carência, nenhum movimento feito para aproximar é reconhecido, nada do que se doa é suficiente, não há o que fazer para que o outro veja o copo meio cheio.

No mundo do copo meio vazio, não há espaço para meia-luz e não se respeita o tempo do outro. 

No mundo real, por mais que você faça, que você tente, mesmo que você se esforce ao extremo, embora você dê o melhor de si, sempre cobrarão o que você ainda não é capaz de dar.

Respeite-se, meu filho. Estabeleça limites e não se agrida para agradar quem quer que seja. 

Nem toda cobrança que você recebe é legítima. Jamais abandone seus princípios por quem demanda demais, mas não dá exemplo.


Da série

Para os meus filhos


Cristiane A. Ávila

07/11/2020





segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Vitórias e perdas

Dentre as coisas que tento passar para meus filhos, estão essas duas:

* Saibam vencer sem tripudiar.*

* Aprendam a perder sem apelar.*

E como criança compete o tempo todo e faz birras insuportáveis, a tarefa é árdua... Ainda bem que os adultos não são assim!


Dá série:

Para os meus filhos

26/10/2014





quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Memórias

É fácil abrir o álbum de fotos para fazer chantagem emocional e cobrar do outro a aceitação dos equívocos, exigindo esquecimento em nome da história preenchida.

Difícil é olhar com carinho para a linha do tempo, valorizar os capítulos anteriores e considerar o contexto vivido, controlando seus impulsos em respeito ao livro construído em parceria.

Covarde é aquele que arranca as páginas registradas sem o consentimento alheio, no intuito de manipular o roteiro e fingir que nada aconteceu, continuando uma narrativa enviesada.

Corajoso, mesmo, é quem dignifica o passado e tem força para dominar-se, cuidando para não transformar em escritos os pensamentos ultrajantes, que arruinariam o enredo.

Na novela da vida, o hipócrita usa os fatos pretéritos para se fazer de vítima e cobrar subserviência. Justifica a audácia na vivência conjunta e, a fim de legitimar suas falhas, apela para as recordações de um coração dilacerado. Palavras ao vento.

O leal, ao contrário, se antecipa e honra esse mesmo histórico para recusar cenas inapropriadas, acrescentando apenas passagens autênticas ao texto. Nada o distrai ou tira do propósito. Ele não precisa incluir personagens aleatórios, esconder imagens e frases ou iludir o parceiro, pois nada redige de inconsequente.

Numa história escrita a quatro mãos não cabe edição unilateral. Feliz e sofrido, com altos e baixos, cômico e dramático - há algo mais belo do que um documentário honesto?

Deve o coautor ter em mente que certas ideias precisam ser guardadas na caixinha das sensações, jamais despejadas no papel, em consideração à união voluntária.

O escritor que ignora o companheiro mancha sua obra. A borracha é incapaz de apagar tudo.

Fatos (imagens + escritos) = memórias

 

 21 de outubro de 2019


sábado, 17 de outubro de 2020

Traduzindo (sobre consentimento)

Traduzindo (sobre consentimento)

Configura estupro de vulnerável praticar conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso (o famoso 'fazer sexo') com quem “por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência” (217-A, §1º, do Código Penal).

A pessoa que se encontra alcoolizada, drogada ou dormindo pesado está com suas faculdades mentais momentaneamente comprometidas. Ela está entorpecida, não sabe o que faz, não está em condições de discernir o certo do errado, o legal do violento, o saudável do nojento. 

Fora de si, a pessoa não é capaz de resistir, de defender seus interesses nessa situação, de tomar as melhores decisões.

Então, mesmo que essa pessoa tome a iniciativa (a seu ver), diga "sim", te acompanhe, não se oponha ostensivamente ao ato ou sorria, você está errado!  

Nada disso significa que ela realmente quer se relacionar com você!

Esse "sim", implícito ou explícto, está viciado e deve ser entendido como um belo "NÃO"!

O cérebro dessa pessoa está sob efeito de substâncias que a fazem agir de um modo diferente do usual, muitas vezes de forma contrária ao que ela faria se estivesse consciente. 

Compreenda que a capacidade dessa pessoa para analisar os fatos e tomar decisões está prejudicada pelo álcool, pela droga ou pelo sono.

Independentemente do que você pensa, do seu julgamento moral sobre a conduta daquele(a) que bebeu além da conta, dormiu na festa, usou drogas ou agiu de forma despudorada, segundo sua visão... atitudes que resultam no tão alardeado "teve o que procurou"... você está equivocado!

Relacionar-se nesses termos é crime! 

Mesmo que você ache esquisito e nem tenha se ligado até agora, há sim um estupro!

Acredito que você não pretende interpretar nenhum desses papéis... Nem quer que um ente querido passe por isso...

Também não acha legal apoiar quem comete um crime,  abandonando e condenando a vítima e sua família... 

Tenso, né?!

Assim, para facilitar a balada e evitar confusões nos 'bem intencionados', basta uma regra simples: nunca, jamais, sob qualquer pretexto, em qualquer circunstância ou mesmo na melhor das intenções,  relacione-se fisicamente com alguém que está bêbado(a), drogado(a), adormecido(a). 

Não encosta!

Segura a onda, deixa quieto e espera o dia e o momento em que ambos estejam sóbrios, donos de si, capazes  de consentir com o que mais lhes agrada e buscar o prazer genuíno. 

Justificar uma relação não consensual é contribuir para a perpetuação dessa violência gigante: alguém presumir-se dono do corpo do outro, aproveitando-se de sua vulnerabilidade.

Consciência, respeito e autocontrole são a base de uma vida saudável. 

Não apoie quem abusa da fragilidade alheia. Não condene aquele(a) que foi abusado(a).

O não é sempre não, mas o sim nem sempre é um sim! 


Da série:

Para os meus filhos










terça-feira, 22 de setembro de 2020

Primavera

O dia começou com neblina!

Flores foram vistas na esquina,

anoiteceu e foi-se a chuva fina.

Dormiu encantada a menina!

Primavera

  22/09/2020



segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Ter-a-pia

 Quando todas as explicações são insuficientes...

Quando a insistência em ignorar as orientações é perene...

Quando o cantinho do pensamento não se adequa à idade...

Quando a bronca é música para os ouvidos mirins...

Chegou a fase de mandar os filhos para a TER-A-PIA!

É fazendo que se pensa, repensa e aprende!!!💆🙅🧘



quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Doido doído


A cada tomara que caia,
o tonto facilmente caía.

Ausente o diálogo fluido,
mil lágrimas haviam fluído.

Até tentou livrar-se da baia...
Fraco, jamais alcançava a baía.

Ai, coitado!
Aí, resultado:

Ficou doido
de tão doído!


Cristiane A. Ávila

19/08/2020



sexta-feira, 7 de agosto de 2020

quarta-feira, 17 de junho de 2020

5 anos

Há 5 anos iniciei uma nova etapa na minha jornada. Um tanto de apreensão, um pouco de teimosia e um bocado de superação. 
Em uma época de inúmeros desafios, fui muito bem recebida por um Tribunal que respeita o servidor e ensina sempre a quem servimos: o público.
Como rotina não faz parte da minha vida...
Sou de Franca, estava no TJDFT.
Sou do TJDFT, estou na 2a. Vara do Trabalho de Franca.
Num período de intensas mudanças, fui maravilhosamente acolhida por uma equipe amiga e batalhadora,  num Tribunal igualmente dedicado a bem atender o jurisdicionado. Posso dizer que no TRT15 sinto-me em casa. 
O turno com os meninos se inverteu e, atualmente, o desafio é fazer teletrabalho ao lado deles sem surtar demais, rs. 
Sou grata pelo tanto que venho aprendendo. 
Com paciência e persistência, sigamos no trabalho que serve a tantos, mas que poucos valorizam.
O bem é, muitas vezes, invisível para quem o recebe. Mas ele sempre está lá, fazendo sua parte, independentemente do reconhecimento alheio.

sábado, 6 de junho de 2020

Numa notícia, várias mães

Eu vi numa notícia várias mães. 
Mães que deixam seus pequenos em casa para pegar no colo os filhos de outras mães. Muitas vezes, seus rebentos menores ficam sozinhos.
Mães cujo trabalho é cuidar do filho da mulher que sai para trabalhar. Que têm como função zelar pelos filhos alheios e tratar bem os animais de estimação.
Mães que, quando engravidam ou não têm coragem de deixar seu filho sozinho numa emergência, atrapalham a rotina e os planos de outra mãe, que necessita seguir para a empresa, cuidar de si mesma ou receber auxílio na lida doméstica.
Mães que precisam dar conta da limpeza, da roupa, da comida e de várias crianças, com hora marcada para tudo, sujeitas a cobranças e reclamações. 
Mães que recebem um baixo salário da mãe que não consegue limpar a casa, lavar a roupa e fazer comida a qualquer momento,  tendo muitas vezes dificuldade de vigiar mais de uma criança ao mesmo tempo.
Mães que ajudam mulheres a serem mães.
Eu vi. Eu testemunhei. Eu convivi. Eu fui confundida várias vezes como babá dos meus filhos.  
Sim, eu fui e ainda sou uma mãe babá. E cheguei a essa conclusão há tanto tempo... 
A maternidade, que deveria unir as mulheres, é uma das principais razões da exploração e da falta de compaixão, evidenciando a ausência da tão alardeada sororidade feminina.

5 de junho de 2020

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Um abraço

Hoje é o dia do abraço, que faz meu pensamento voar.
Morando em Brasília,  já cheguei a ficar quase dez meses sem poder viajar e, consequente, sem abraçar muitas pessoas queridas. Foram incontáveis viagens canceladas e malas desfeitas de última hora, com diversos feriados, aniversários, natais e passagens de ano celebrados em casa, apenas entre nós cinco.
Nunca fui de muitos abraços e beijos, é verdade, mas a mudança de cidade, a maternidade e os socos da vida me amoleceram um pouquinho. Mesmo assim, sobrevivi a todos os encontros que não foram possíveis.
Houve também um retorno de Franca às pressas para acudir quem, por um imprevisto de saúde, não conseguiria sair de BSB. Com os planos frustrados, passamos o 25 de dezembro sem os parentes, num dia registrado com fotos. Olhando o porta-retratos, meu filho frequentemente diz que foi o melhor Natal da vida dele.
Quando tomei o iodo radioativo, precisei ficar isolada no hospital por dois dias. Seriam necessários mais cinco dias sozinha em casa, distante de qualquer pessoa, para não correr o risco de contaminar suas tireoides saudáveis. Deixei algumas brincadeiras e charadas para divertir os meninos nesse período em que ficariam numa pousada com o pai. 
Logo após a alta, veio uma surpreendente infecção, com nova internação às pressas e isolamento no hospital. Não podia receber visitas. Enfermeiros e médicos só rapidamente, a uma distância segura. 
Foi fácil? Negativo. Dava saudade? Bastante. Vontade de abraçar meus filhos e meu marido? Imensurável. 
Entretanto, apesar da possibilidade real de nunca mais vê-los, que passa sim na cabeça da gente, eu jamais pensei em ceder ao meu apego e fazer chantagem emocional para tê-los perto, colocando em risco as pessoas que mais amo.
Se eu tivesse ido embora naqueles dias, já estaria grata pelo que havia vivido e pela chance de ter cuidado dos meus filhos integralmente. Essa foi minha breve conversa com Deus, enquanto lidava com os efeitos colaterais horríveis de um medicamento.
Retornamos para Franca no único objetivo de conviver com a família. Ironia do destino, um ano depois, estão suspensos os almoços de domingo, a sexta dos netos, as risadas a qualquer momento.  
Embora privados de muita coisa, ainda temos atualmente muito mais da família do que tínhamos nos tempos de DF. Posso chegar na calçada e conversar de máscara, passar de carro na esquina e olhar as casas dos familiares, receber comida quentinha, pegar laptop emprestado, deixar um mimo, socorrer e ser socorrida numa emergência. Sei que quando isso tudo passar, não precisarei esperar um feriado viável e a saúde perfeita para que meus filhos consigam rever os parentes.
Há épocas em que não abraçar é um ato de amor, em que não visitar demonstra respeito ao outro e a si próprio, em que distanciamento significa proteção.
Além dos quadros assintomáticos que podem ocorrer, alguns dos possíveis sintomas de Covid-19 fazem parte de minha rotina há seis anos. Portanto, sem as demonstrações graves, seria bem difícil desconfiar da doença de pronto, nessa roda cíclica de desconforto. 
Nenhuma saudade/vontade supera essa noção da minha realidade e me faz agir por impulso, ignorando as orientações de proteção incansavelmente difundidas por fontes seguras de informação.
Estou ciente de que escrevo sobre minhas experiências e que elas me levam a enxergar desse modo. Afinal de contas, o aprendizado é o resultado positivo de qualquer obstáculo na vida. 
Cada um tem o seu desafio e seu modo de reagir. Esse é o meu.
Não há situação que perdure para sempre. 
O ontem me ensinou e o amanhã independe de mim, mas minha consciência exige que eu tenha responsabilidade hoje.
Um abraço. 


domingo, 17 de maio de 2020

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Num minutinho!

Era para ser uma foto com legenda fofinha:
"Tão lindo receber ajuda espontânea do trio, que transformou o almoço do feriado num trabalho em equipe! Oferta para descascar cebola pela primeira vez e ver se faz chorar, picar a berinjela e fatiar o pepino. Teve criança na cozinha!"
Mentalizando a legenda, deixo os meninos já iniciando a refeição e vou à varanda buscar o último prato coletivo: cebola assada.
Apenas um minuto longe da minha vista, depois de uma manhã inteira com os olhos em moleques de 9 a 13 anos, que nem precisam de vigia 24 horas por dia, e...
_ Pai, pai, me ajuda! Não consigo respirar!
Pai sai correndo, moleque com a boca roxa, enquanto um irmão come tranquilo e o outro olha preocupado.
Período incalculável esperando a boca  da criança se avermelhar e a respiração voltar ao normal, fazendo perguntas de detetive. Você não sabe se agradece pelo socorro imediato ou se chacoalha as criaturas, de tanto estresse.
O que aconteceu nesse minutinho?
Na longa espera de  30 segundos para o arroz esquentar no microondas, alguém fez gracinha.
O outro simplesmente largou o prato na mesa e entrou na onda. Saiu correndo e pulou no sofá.  Após, cambalhota acidental. Sob avisos do terceiro de que poderia se machucar, a segunda cambalhota foi de propósito mesmo.
Crec. Estalo. Falta de ar. Boca roxa. Ainda não sabemos se por algo físico ou só pelo grande susto.
Resultado? Pai nervoso e mãe surtada, fazendo palestra sobre comportamento durante as refeições, valorização da comida, terror sobre as consequências de um movimento brusco na hora errada, drama e instituição de política de consequências com início de condicional.
Duas horas depois, os adultos conseguiram almoçar.
Enfim, a legenda oficial da foto:
"Tudo é lindo até o minuto seguinte."

***

Ante o negociado com os envolvidos nessa edição, conto o milagre mas não aponto os santos.



Escrevo porque preciso

Escrever é uma necessidade...  O pensamento chega, o texto se ajusta de forma meteórica e necessita ser externado. Um process...