sábado, 17 de outubro de 2020

Traduzindo (sobre consentimento)

Traduzindo (sobre consentimento)

Configura estupro de vulnerável praticar conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso (o famoso 'fazer sexo') com quem “por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência” (217-A, §1º, do Código Penal).

A pessoa que se encontra alcoolizada, drogada ou dormindo pesado está com suas faculdades mentais momentaneamente comprometidas. Ela está entorpecida, não sabe o que faz, não está em condições de discernir o certo do errado, o legal do violento, o saudável do nojento. 

Fora de si, a pessoa não é capaz de resistir, de defender seus interesses nessa situação, de tomar as melhores decisões.

Então, mesmo que essa pessoa tome a iniciativa (a seu ver), diga "sim", te acompanhe, não se oponha ostensivamente ao ato ou sorria, você está errado!  

Nada disso significa que ela realmente quer se relacionar com você!

Esse "sim", implícito ou explícto, está viciado e deve ser entendido como um belo "NÃO"!

O cérebro dessa pessoa está sob efeito de substâncias que a fazem agir de um modo diferente do usual, muitas vezes de forma contrária ao que ela faria se estivesse consciente. 

Compreenda que a capacidade dessa pessoa para analisar os fatos e tomar decisões está prejudicada pelo álcool, pela droga ou pelo sono.

Independentemente do que você pensa, do seu julgamento moral sobre a conduta daquele(a) que bebeu além da conta, dormiu na festa, usou drogas ou agiu de forma despudorada, segundo sua visão... atitudes que resultam no tão alardeado "teve o que procurou"... você está equivocado!

Relacionar-se nesses termos é crime! 

Mesmo que você ache esquisito e nem tenha se ligado até agora, há sim um estupro!

Acredito que você não pretende interpretar nenhum desses papéis... Nem quer que um ente querido passe por isso...

Também não acha legal apoiar quem comete um crime,  abandonando e condenando a vítima e sua família... 

Tenso, né?!

Assim, para facilitar a balada e evitar confusões nos 'bem intencionados', basta uma regra simples: nunca, jamais, sob qualquer pretexto, em qualquer circunstância ou mesmo na melhor das intenções,  relacione-se fisicamente com alguém que está bêbado(a), drogado(a), adormecido(a). 

Não encosta!

Segura a onda, deixa quieto e espera o dia e o momento em que ambos estejam sóbrios, donos de si, capazes  de consentir com o que mais lhes agrada e buscar o prazer genuíno. 

Justificar uma relação não consensual é contribuir para a perpetuação dessa violência gigante: alguém presumir-se dono do corpo do outro, aproveitando-se de sua vulnerabilidade.

Consciência, respeito e autocontrole são a base de uma vida saudável. 

Não apoie quem abusa da fragilidade alheia. Não condene aquele(a) que foi abusado(a).

O não é sempre não, mas o sim nem sempre é um sim! 


Da série:

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