“Um dos piores tipos de
saudade é conviver com uma pessoa, mas sentir saudade do que ela era”. (autor desconhecido)
Concordo plenamente, pois além de ser
negativa para quem a sente, ela é extremamente nociva para aquele que é o
objeto desse pesar. E o desastre aumenta quando o nostálgico decide verbalizar
a decepção e insistir para que o outro aja como no passado, ignorando veementemente
as justificativas dadas. Convenhamos, esperar isso de alguém é de certo modo
egoísta, e receber esse tipo de cobrança é um peso e tanto!
Transformações são
inevitáveis: os pais fazem coisas das quais discordavam quando você era
pequeno, a amiga de longa data não se comporta mais como a engraçada adolescente,
o amado deixa de lado alguns hábitos do começo do namoro, a irmã apresenta
ideias diferentes das que costumava, o filho torna-se diferente daquele que
dividiu o teto contigo por anos e ficava na barra da sua saia...
Duvido que quem fica
obstinado para matar esse tipo de saudade seja exatamente a mesma pessoa há
décadas, figura rara na natureza que não muda com o passar do tempo. Quem
não abre a mente ao sair de casa para estudar, não adquire novos costumes ao se
casar, não tem a visão de mundo alterada com os tropeços de sua existência, não
enxerga coisas de modo diferente depois de ter um filho, não aprende algo a
cada trabalho? E
isso é bom, significa que não somos múmias nem bitolados, que somos
capazes de assimilar os eventos e nos moldar a cada capítulo da vida.
É normal sentir saudades de
certas fases e relembrar as características antigas do companheiro e dos familiares ou amigos. Entretanto, não
me parece natural ignorar a realidade e recusar-se a aceitar as mudanças que
ocorreram na personalidade deles. O que se vivenciou junto sempre fará
parte de uma bela história, e a afinidade tem o poder de superar meras
diferenças de posicionamento ou alterações inofensivas de comportamento.
Se a pessoa mudou radicalmente e os pontos de vista são inconciliáveis, de modo a tornar a convivência demasiado dolorosa, talvez seja hora de repensar a relação e dar a ela um novo rumo. Mas se o convívio é inevitável ou o afeto por aquele que já não é mais o mesmo persiste, por que não dialogar sobre o assunto e tentar entender a 'nova' cabeça do outro para fazer alguns ajustes?
Se a pessoa mudou radicalmente e os pontos de vista são inconciliáveis, de modo a tornar a convivência demasiado dolorosa, talvez seja hora de repensar a relação e dar a ela um novo rumo. Mas se o convívio é inevitável ou o afeto por aquele que já não é mais o mesmo persiste, por que não dialogar sobre o assunto e tentar entender a 'nova' cabeça do outro para fazer alguns ajustes?
Muitas vezes gostaríamos que tudo continuasse como antes, mas se desejamos manter um relacionamento saudável é preciso abandonar o lamento e ficar com as boas lembranças. Curtir os momentos e usufruir do que a pessoa pode nos oferecer hoje, sempre cientes de que, muito provavelmente, num curtíssimo prazo estaremos um pouquinho diferentes. Enquanto não nos conformarmos com a 'perda', é melhor trabalhar a saudade internamente e evitar pedir ao outro o impossível, privando todos dos sorrisos vazios, das maçantes lamúrias e dos constantes aborrecimentos.
Qual o a lógica de sofrer e fazer sofrer ao insistir em nutrir saudades de um passado que não volta, sendo que a pessoa querida está bem ao nosso lado? Ruim mesmo é sentir falta daqueles que foram para o outro plano e jamais retornarão.
Qual o a lógica de sofrer e fazer sofrer ao insistir em nutrir saudades de um passado que não volta, sendo que a pessoa querida está bem ao nosso lado? Ruim mesmo é sentir falta daqueles que foram para o outro plano e jamais retornarão.
Texto muito bom.
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