quarta-feira, 9 de julho de 2014

Manchete de jornal

Quem disse que apenas o famoso
vira manchete de jornal?
Para cair na boca do povo
basta ser temperamental.

Notícia ruim corre bem rápido,
traz o comportamento curioso;
apoio condicionado e frágil
que não resiste ao furioso.

Pouco importa que se esclareça
que o incômodo é pontual,
não há comoção que dure
para o segundo temporal.

Diante da inércia relatada,
procuram nos classificados:
viagem para flashes e aplausos,
que importa o corpo esticado?

Alegria, o moribundo resistiu!
Esquecem os próprios dilemas -
é hora da mesa redonda,
discutir a origem do problema.

Seria o gene, o ar, a água, a comida?
De certo não, fatalidade é para os seus.
Pelas escolhas que fez na vida,
só pode ser o castigo de Deus.

Julgamento sem contestação,
pena de pronto aplicada;
melhor ficar com a única versão
daquela testemunha ilibada.

E seguimos na mesma pauta
condenando quem está doente,
doce ilusão é o que não falta
na tribuna do descontente.

Da redação:

Por mais que se reportem
às mensagens dos jornais,
a outra vida segue plena,
trincada em linhas verticais.

Notinhas pequenas à parte,
é a recente sinopse que diz:
enquanto perdura o debate,
o preso vai liberto e feliz.

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