Que
verdade querem calar, ensaiando rabiscos que o vento vai apagar?
Do
que necessitam se poupar, esmorecendo quem chora lentamente?
Qual
ferida desejam curar, sem um esforço para enxergar o doente?
Que
ajuda acreditam dar, quando a forte súplica nunca é suficiente?
Que
festas teimam em estragar, vendo que são restos a comemorar?
Que
casa insistem em limpar, enquanto a luta é para não desmoronar?
Que
caprichos anseiam mimar, num momento em que nada é o presente?
Que
assuntos martelam sem parar, quando a maior preocupação é patente?
Que
piadas e lamúrias fariam rir ou chorar, já que o fardo é em si
exigente?
O
quanto é preciso gritar, até que vejam a fra(n)queza num singelo
olhar?
Se
a experiência já ensinou muito, o que ainda falta para captar?
Se
o importante está arquivado, por que na lembrança emperrar?
Se
confidente não é, terapeuta jamais, que conselhos vai desperdiçar?
Se
o papel na novela deveria ser outro, que peso vale a pena suportar?
Se
assume as rédeas e os riscos, que grupo os outros têm para chefiar?
Semelhanças
há, mas se a ocasião é única, que vantagem em analisar?
O
todo não é mais inteiro, a lacuna é agora um escudo de paz.
Para
velhas questões sem resposta, o silêncio replicou demais.
Vez
que os muros sequer se abalam, o consolo está desenhado.
Registre-se
o impreterível hiato; lixo emocional alheio, dispensado.
A
fase do jogo é nova, reorganização da alma num avariado aparelho
compreendido
por quem está ao lado, e pelo denso reflexo no espelho.
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