terça-feira, 29 de julho de 2014

Mudança de ramo (e de rumos)

   Ontem no parquinho uma fofura me perguntou se eu estava de férias. Demorei um pouco para processar a pergunta (de praxe atualmente). Entendi o motivo, e respondi que não, explicando que meu trabalho é como o das babás: eu cuido de crianças. 
   E a doçura do questionamento me fez tentar entender por que, mesmo depois de oito anos sem férias e uma breve licença não programada, além da necessidade patente, que por si só justificaria uma transformação despreocupada da rotina, ainda fico reticente. 
   Parece que estou perdida (em todos os sentidos) na luta contra a realidade moderna: academias para crianças improvisadas em locais para adultos, ou até especializadas, mas com uma aceleração constante; instituições que desconsideram o papel dos pais na vida do filho (até porque muitos não querem ter amolação mesmo), antecipam a alfabetização por não saber o que fazer com quem inicia a vida escolar tão cedo, ou não assumem o contratado; o desencontro entre as jornadas, o que demanda uma agenda exigente para os pequeninos, etc e tal.
   Definitivamente, minha cabeça é fora desse mundo. Até para aquelas que se intitulam alternativas na maternidade, apropriando-se de termos e sentimentos que todas têm, acho que meu apego é demais.
   Enfim, muito angustiante mudar de ramo. Mas com fé e aceitação, a gente consegue.

(23 de julho de 2014)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Manchete de jornal

Quem disse que apenas o famoso
vira manchete de jornal?
Para cair na boca do povo
basta ser temperamental.

Notícia ruim corre bem rápido,
traz o comportamento curioso;
apoio condicionado e frágil
que não resiste ao furioso.

Pouco importa que se esclareça
que o incômodo é pontual,
não há comoção que dure
para o segundo temporal.

Diante da inércia relatada,
procuram nos classificados:
viagem para flashes e aplausos,
que importa o corpo esticado?

Alegria, o moribundo resistiu!
Esquecem os próprios dilemas -
é hora da mesa redonda,
discutir a origem do problema.

Seria o gene, o ar, a água, a comida?
De certo não, fatalidade é para os seus.
Pelas escolhas que fez na vida,
só pode ser o castigo de Deus.

Julgamento sem contestação,
pena de pronto aplicada;
melhor ficar com a única versão
daquela testemunha ilibada.

E seguimos na mesma pauta
condenando quem está doente,
doce ilusão é o que não falta
na tribuna do descontente.

Da redação:

Por mais que se reportem
às mensagens dos jornais,
a outra vida segue plena,
trincada em linhas verticais.

Notinhas pequenas à parte,
é a recente sinopse que diz:
enquanto perdura o debate,
o preso vai liberto e feliz.

Escrevo porque preciso

Escrever é uma necessidade...  O pensamento chega, o texto se ajusta de forma meteórica e necessita ser externado. Um process...