Ontem no parquinho uma fofura me perguntou se eu estava de férias. Demorei um pouco para processar a pergunta (de praxe atualmente). Entendi o motivo, e respondi que não, explicando que meu trabalho é como o das babás: eu cuido de crianças.
E a doçura do questionamento me fez tentar entender por que, mesmo depois de oito anos sem férias e uma breve licença não programada, além da necessidade patente, que por si só justificaria uma transformação despreocupada da rotina, ainda fico reticente.
Parece que estou perdida (em todos os sentidos) na luta contra a realidade moderna: academias para crianças improvisadas em locais para adultos, ou até especializadas, mas com uma aceleração constante; instituições que desconsideram o papel dos pais na vida do filho (até porque muitos não querem ter amolação mesmo), antecipam a alfabetização por não saber o que fazer com quem inicia a vida escolar tão cedo, ou não assumem o contratado; o desencontro entre as jornadas, o que demanda uma agenda exigente para os pequeninos, etc e tal.
Definitivamente, minha cabeça é fora desse mundo. Até para aquelas que se intitulam alternativas na maternidade, apropriando-se de termos e sentimentos que todas têm, acho que meu apego é demais.
Enfim, muito angustiante mudar de ramo. Mas com fé e aceitação, a gente consegue.
(23 de julho de 2014)