Em homenagem ao Dia
Internacional da Família, uma história verídica com bebê reborn.
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Era início dos anos
2000, tempo de renovação e expectativas.
Afonso, o primeiro
filho a se casar, recebeu a missão de realizar o sonho de seus pais: ter uma
neta. Deveria ter a filha que os pais sempre desejaram, mas nunca tiveram.
Afonso e sua esposa
planejavam ter filhos; porém, não faziam questão de sexo - meninas e meninos
seriam bem-vindos e amados.
Mesmo discreto, Afonso
compartilhou com a família a predileção pelo nome Larissa, e combinou com a
esposa que, caso tivessem uma menina, ela assim se chamaria.
Fora isso, Afonso não
dava satisfação dos planos do casal para os familiares, tampouco alimentava o
sonho de seus pais. Jamais se comprometeu a dar-lhes uma neta.
No entanto, a mãe de
Afonso tinha pressa. Queria ser avó, mas vovó de uma menina. Perguntava,
cobrava, azucrinava:
- Quando vai chegar
minha netinha?
O casal desconversava,
mas a pessoa era insistente. A todo instante, voltava com a cobrança
inconveniente. Tinha pressa. Não respeitava o tempo dos outros. Queria sua
neta.
Certo dia, Afonso
recebeu um e-mail da genitora, que assim dizia:
“Já que você não me dá
uma neta, eu providenciei a minha Larissa!”
Abaixo da mensagem, a
foto de uma bebê reborn. Larissa era uma boneca reborn toddler!
Larissa, a potencial
filha de Afonso, nascera. Não chegou na família pelos meios tradicionais.
Chegou chegando, surpreendendo Afonso e sua esposa, que até hoje não sabe se
foi mãe ou madrasta.
Que fique claro -
Larissa foi, sim, muito desejada. Ela foi planejada nos mínimos detalhes pela
vovó, que encomendou a boneca caríssima com as características físicas que
sonhava para a neta.
Jamais digam que
Larissa foi obra do acaso!
Diante da inesperada
chegada do novo membro da família, Afonso e sua esposa determinaram que,
se viessem a ter uma filha, eles jamais a chamariam de Larissa.
Um belo dia, Afonso foi
visitar a mãe.
- Afonso, meu querido!
Venha conhecer a Larissa!
E lá estava a boneca,
sentada, quietinha, no antigo quarto de Afonso.
- Não é a sua cara, meu
amor? Puxou à vovó! Vamos, segura a Larissa…
E assim Afonso conheceu
a tão sonhada neta de sua mãe. Não se sentia pai. Recusou-se a pegar Larissa no
colo, apesar do incentivo da vovó.
Voltou para casa e
deixou Larissa com a avó amorosa.
Nas férias de final de
ano, Afonso se encontrou com Larissa novamente. Dessa vez, acompanhado da
esposa, que não foi formalmente apresentada à boneca.
Todos prontos para o
jantar. Quem aparece? Larissa, nos braços da vovó!
Claro que a netinha
acompanharia o momento especial!
No restaurante, vovó
providenciou a cadeirinha infantil para Larissa.
- Um copo de suco de
laranja, por favor. É para minha netinha.
O garçom, profissional,
seguiu as orientações e colocou a bebida em frente à boneca.
Vovó, feliz, aproveitou
a noite com a família reunida.
Dias depois, num
encontro com amigos, Afonso comentou o episódio do restaurante.
Matias, atônito,
questionou a senhora:
- Mas pra que isso?
Você já não tem um cachorro?
Ao que a mãe de Afonso
respondeu, firme e segura de si:
- Claro que tenho! Mas
o Doguíneo é meu filho. A Larissa é minha neta!!!
Os anos se passaram,
Afonso teve filhos e, apesar dos incansáveis pedidos, ficou devendo a menina
para sua mãe.
De netinha na família,
por enquanto, segue reinando Larissa, a bebê reborn.
*Estrelando: Dona Zelda, uma mulher à frente do seu tempo. A precursora das mães de pet e das avós de bebê reborn.