quinta-feira, 1 de abril de 2021

Se todos agissem assim...

No consultório. 

Secretária atende o telefone.

Dona Maria quer cancelar a consulta.

O irmão dela amanheceu com sintomas de gripe e, até que se descarte a Covid-19, ela prefere se isolar para não colocar em risco a equipe da clínica.  

Não que seja uma questão de escolha, já que ela segue rigorosamente as orientações oficiais... O conhecimento prévio das peculiaridades familiares daqueles trabalhadores é mais uma razão para fazer o certo.

Mas é sabido que muita gente não dá bola e decide circular lindamente por aí, mesmo depois de manter contato sem máscara com quem está contaminado ou, pasmem, após o próprio diagnóstico positivo. 

Parece que para alguns é difícil cancelar compromissos pensando no outro, segurar a vontade de passear, abrir mão de algo pela comunidade. Muitas pessoas colocam o desejo acima de um eventual peso da culpa. Há, ainda, aqueles que nem crise de consciência têm.

Deve ser complicado internalizar que liberdade individual também é decidir não fazer algo potencialmente nocivo ao próximo, embora se ache um jeitinho, pois nem tudo nos convém.

_ Combinado, Dona Maria. Quando sair o resultado, a senhora liga e marcamos a consulta. Se todos agissem assim, não estaríamos nessa situação!

Dona Maria concorda, visualizando mentalmente o sorriso daquela trabalhadora, que tem o direito de sair de casa para cumprir sua missão em segurança durante a pandemia.

A frágil senhora finaliza a ligação e sorri, apesar de  apreensiva. Independentemente do resultado do exame, o importante é que a parte dela foi feita. 


Nota da redação:

Ainda bem que essa é uma história inventada e todos agem como Dona Maria. Imagina se não fosse ficção, que pesadelo?!

31/03/2021





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