Eu não me lembro de celebrar o Dia dos Avós na minha época de
estudante. Foi como mãe, há pouco tempo, que conheci essa data especial.
A escola dos meus meninos faz, todo os anos, o Chá dos Avós.
Não tem festa de Dia das Mães ou Dia dos Pais, e sim o Dia da Família. Mas a
instituição sempre celebra os avós em específico.
E meus filhos, que têm pai e mãe presentes,
veem, ano a ano, vários coleguinhas com os/as avós na data comemorativa. Avisam
os seus por telefone, já sabendo que não poderão vir. Bom, eles tentarão
aparecer no próximo aniversário.
Mesmo assim, sem ter a companhia desejada, eles
levam os comes e bebes, ensaiam a poesia, participam da comemoração. Se ficam
tristes? Se gostariam de ostentar seus entes queridos naquele ambiente? Se
sentem saudades? Claro que sim.
Porém eles têm aprendido, desde cedo, que a
frustração faz parte da vida. Que cada criança tem sua realidade, que cada
família é de um jeito, que nós precisamos morar distante por causa de trabalho.
Que em vez de pensar que não podem fazer visitas semanais, é melhor agradecer
por ter os avós vivos e aproveitar os raros encontros possíveis. Já sabem,
também, que o coração de quem lhes explica tudo isso se parte ao mostrar que,
nesse aspecto, o mundo do coleguinha traz mais oportunidades de reuniões familiares,
como a mamãe teve a sorte de vivenciar até vir para Brasília.
E não, eu nunca plantaria em suas mentes a
ideia de que seria melhor a escola acabar com esse dia especial, privando seus
coleguinhas de tamanha emoção junto aos avós. Assim é a vida, e hoje já
pensamos no sabor do chá que eles levarão para os avós dos amigos beberem.
Porque eu acredito que crianças são capazes de
trabalhar suas frustrações e ver beleza na alegria de quem tem a vida
diferente.