É verdade que o mais velho é filho único até que venha um irmãozinho, mas eu não sei o que é isso, já que na mais remota lembrança tenho a companhia do meu irmão. Sempre fomos muito ligados, e disputamos o terceiro bebê que sairia da barriga da minha mãe: eu queria uma irmã, ele um irmão. Venci a aposta, e veio uma menina com quem briguei muito até sair de casa - a folgada queria desmontar minha cama na semana do meu casamento, para ficar com o quarto só para ela! Agora tudo isso é motivo de risada, pois a maturidade trouxe o respeito mútuo e a compreensão das diferenças; digo com orgulho que nos tornamos irmãs amigas.
Não tínhamos compromissos além da escola, mas foi uma infância agitada e a diversão era sempre em trio; nada era exclusivo e não tinha essa de brincadeira de menino e menina. Juntávamos os carrinhos, as bonecas, os jogos e as bicicletas; jogávamos bafo e bolinha de gude, negociávamos a TV e a bolacha recheada. Foram muitas brigas, provocações, xingamentos, gritos, choros e beliscões, mas fazíamos as pazes em cinco minutos e, para a alegria da 'minha mãe', logo começava tudo de novo!
Minha ideia era ter apenas dois filhos, enquanto o desvairado do meu noivo queria cinco (dizia que somente um irmão era pouco). Então chegamos a um acordo e combinamos que seriam três, com uma diferença de aproximadamente dois anos entre eles. Nossos planos deram certo e hoje sou eu que me vejo no olho do furacão, com meus filhos quase me levando à beira da loucura dia sim, outro também... Trabalho triplo que é compensado pela felicidade de ter-lhes dado um presente sem igual, que os livra da solidão: um irmão e, assim espero, amigo para toda a vida.